Quando o cinema brasileiro decide mergulhar em temas profundos e simbólicos, nascem obras que desafiam o público e provocam reflexão. Enterre Seus Mortos, disponível na Globoplay, é exatamente esse tipo de filme: sombrio, poético e repleto de significados sobre vida, morte e fé.
Com uma atmosfera densa e uma narrativa carregada de metáforas, o longa convida o espectador a encarar o fim — não apenas o físico, mas também o espiritual e emocional. Assim, a trama se desenrola como um estudo sobre o apocalipse pessoal de cada personagem.
Uma cidade esquecida e um presságio de fim
A história se passa em Abalurdes, uma cidade que parece parada no tempo. É lá que vive Edgar Wilson (Selton Mello), um homem solitário cuja rotina é recolher animais mortos nas estradas. Seu trabalho, silencioso e mórbido, revela uma estranha sensibilidade diante da finitude.
Com ele estão Tomás (Danilo Grangheia), um padre excomungado, e Nete (Marjorie Estiano), sua chefe e figura de liderança moral. Juntos, os três formam um trio improvável, unidos por um sentimento de inquietação. Eles acreditam que algo está prestes a acontecer talvez o arrebatamento final, talvez apenas o fim simbólico de tudo o que conhecem.
A fotografia sombria e a direção contemplativa reforçam a sensação de que a cidade e seus habitantes estão à beira de um colapso silencioso.

Fé, morte e humanidade: os pilares da narrativa
Enterre Seus Mortos não entrega respostas fáceis. Pelo contrário, o filme propõe perguntas que ecoam na mente do público. O que significa ter fé quando o mundo desaba? Existe redenção após o erro? E, principalmente, o que resta quando a esperança se torna apenas um resquício?
Por meio dos diálogos intensos e da atuação sensível do elenco, a obra aborda a culpa, a fé e o medo da extinção de forma simbólica e profundamente humana. Assim, cada cena se torna um convite à introspecção um lembrete de que o fim pode ser o recomeço de algo maior.
Elenco que dá alma ao apocalipse
O trio principal brilha com atuações intensas e carregadas de emoção. Selton Mello, em um de seus papéis mais densos, interpreta um homem que observa a morte com uma estranha familiaridade. Marjorie Estiano, como Nete, equilibra fragilidade e força, enquanto Danilo Grangheia oferece uma performance marcante como o padre que perdeu a fé.
Além deles, Betty Faria completa o elenco com presença impactante, reforçando o clima de mistério e desespero que permeia toda a história.
Cada ator parece viver o mesmo apocalipse interno de seus personagens, tornando o filme ainda mais visceral e envolvente.
A força simbólica da direção e da estética
A direção aposta em planos longos, silêncios e contrastes visuais, o que cria uma sensação de desconforto e beleza ao mesmo tempo. Além disso, a trilha sonora minimalista amplifica o peso emocional das cenas.
Dessa forma, Enterre Seus Mortos se destaca não apenas pela história, mas também pela maneira como ela é contada — com ritmo lento, contemplativo e cheio de camadas.

Por que assistir a Enterre Seus Mortos
Este não é um filme de respostas rápidas ou sustos fáceis. É uma obra sobre o fim das coisas, sobre como cada um lida com a própria ruína e sobre o poder transformador da fé.
Se você gosta de produções que desafiam, emocionam e fazem pensar, Enterre Seus Mortos é uma escolha certeira. Prepare-se para uma experiência intensa, que mistura espiritualidade, simbolismo e drama em doses precisas.
Conclusão
Enterre Seus Mortos é um retrato poético e devastador da condição humana. Entre o sagrado e o profano, o filme questiona o que resta quando tudo parece perdido. Assim, com atuações brilhantes e uma narrativa visual poderosa, ele se consolida como um dos dramas brasileiros mais impactantes dos últimos tempos.
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